A Rainha do Fogo (A SOMBRA DO CORVO, livro 3), de Anthony Ryan


Uau... Terminei hoje mesmo esse livro, o primeiro do ano, e essa trilogia num estado de confusão de sentimentos e de opiniões. O primeiro volume, A canção do sangue, foi uma das melhores leituras de 2017, a continuação, O senhor da torre, apresentou algumas coisas que me incomodaram, mas foi ótimo também. 

Pra começar, em uma sinopse rápida, A rainha do fogo começa exatamente onde o último livro terminou, e veremos nossos protagonistas se preparando para retomar a capital do Reino Unificado, Varinshold, do que resta das forças volarianas. Após a retomada-ou-não da cidade, cada um seguirá em uma jornada para vencer definitivamente esse império que ameaça as civilizações livres e descobrir como derrotar o temido Aliado e seus agentes imortais.

Em adição aos 4 personagens com ponto de vista, temos os capítulos de Alucius, o poeta beberrão que vivia com a irmã de Vaelin em Varinshold. Gostei bastante dos poucos capítulos que ele teve, foi um refresco pra história, de fato, uma perspectiva nova. 

Dito isso, acho que a obra peque e piore o que me incomodou no segundo livro: a inconsistência de qualidade entre os personagens. 

- Vaelin está novamente apagado durante quase as primeiras 300 páginas, não fazendo muito de interessante. A situação muda do meio pro final, de forma certamente impactante, mas... Creio que jamais teremos o Vaelin de A canção do sangue novamente.

- Reva tem poucos capítulos ao começo da história, e, confesso, senti sua falta, já que havia terminado O senhor da torre tão em alta. Ela está muito bem nesse último livro, é uma personagem que cresceu demais desde que surgiu na história.

- Frentis... Eu diria que é o pior ponto de vista do livro, de longe. Do início ao fim achei a jornada dele bastante insossa, principalmente do meio pro final, onde ele enfrentava batalha atrás de batalha sem muito propósito, não me causando impacto algum; somente a relação dele com a sua "amada" era um elemento instigante. 

- Lyrna foi, sem qualquer dúvida pra mim, a estrela do livro. Tudo com que ela precisou lidar, a reconstrução do reino, o sentimento de vingança, os ensinamentos de seu pai, a politicagem e a guerra, tudo se apresenta muito bem em seus capítulos. Eu já era muito fã dos capítulos dela no livro passado, e a personagem novamente entrega força e humanidade em sua história.

- Já ia me esquecendo: Verniers foi com certeza meu personagem favorito do livro. Ele entra em sua própria jornada nos seus relatos, ao invés de apenas acompanhar os grandes acontecimentos. Se ele tivesse tido mais espaço, teria sido o astro do livro, mas o que vimos dele absolutamente valeu a pena.

Achei a obra mais irregular ainda que o seu anterior, o começo é bem arrastado, o meio é realmente bom, e o final se alonga demais em 70% dos capítulos. Ainda não sei se compreendi muito bem a explicação, dentro da mitologia, para tudo que ocorreu, achei um pouco confuso, por conta do estilo do autor, mesmo. Ryan não é muito bom em (ou não tem qualquer intenção de) relembrar-nos, ao longo da narrativa, de fatos e personagens do passado, então fiquei bastante perdido às vezes (difícil explicar sem revelar muito da trama). À parte dessas minhas confusões, a conclusão foi satisfatória e a quinta parte foi bem marcante, na minha opinião. 

A última página e a cena final não foram o que eu esperava para a conclusão da trilogia, mas achei tudo muito tocante e, apesar de ter ficado bem bravo com as barrigas que o livro de fato teve, quero muito voltar a ler sobre o universo de A sombra do corvo. O autor tem planos pra retornar ao Reino Unificado e além (para uma trilogia, quem sabe), então, torçamos! 

De forma geral, é uma ótima série de fantasia, com alguns problemas que incomodam. No entanto, é unânime, leia nem que seja o primeiro volume, é sensacional. 

O corvo não conhece o descanso
Sua sombra incessante
Sobre a terra.

                                           - Poema seordah, autor desconhecido.

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