"Mas são 14 livros..." Quem tem medo de A Roda do Tempo?



Há de ser o que a Roda tecer...

A recorrente frase da épica saga de Robert Jordan (e sua ótima adaptação pro português de The Wheel weaves as the Wheel wills) é tão icônica que volta e meia me pego repetindo a bendita rs. Quando conheci WoT, pra simplificar, relutei muito em iniciar a leitura de O Olho do Mundo, seu primeiro volume, primeiro porque ele já é gigante, com 800 páginas, e porque logo após dele, mais 13 volumes gigantes (14 com a prequel) se enfileiravam no horizonte. Meu maior receio era gastar o tempo, em que poderia estar lendo outras fantasia incríveis, consumindo mais um livro qualquer-coisa, que eu já sabia que se assemelhava muito a clichês de fantasia clássicos, que estamos cansados de ler por aí.

A seguir vou contar minha experiência com a série e porque eu acho que vale muito a pena. Ainda não concluí tudo, vou pro 6º livro, mas já me sinto seguro pra fazer um overview do que já li. Sem spoilers, também.

No Olho vemos, SIM, muitos clichês, o início me lembro bastante tanto O senhor dos anéis quanto filmes de fantasia dos anos 90 (tirando o Prólogo, que é uma das melhores coisas da fantasia de todos os tempos!); mas o Olho foi publicado na década de 90, então até aí tudo bem. Por causa desse receio todo, eu consumi o livro por meio de audiobook, sem nem procurar uma versão digital pra acompanhar.

Como eu leio muita fantasia desde sempre, não fiquei tão com medo de me perder, apenas consultava os nomes de vez em quando na Wiki da série. Acho que funcionou muito bem pra mim porque os narradores eram absolutamente incríveis e dava vida à história; o livro é bem lento, então Michael Kramer e Kate Reading tornaram a experiência muito melhor. No entanto o que me encantou e me deixou curiosíssimo foi a mitologia daquele mundo, Randland pros íntimos, os ciclos de renascimentos, o Tenebroso, o Dragão, a Última Batalha, saidin e saidar, a Praga, são tantos conceitos muito bem apresentados e elaborados, que deixam um gostinho de "ei, eu quero ver o que acontece no final de tudo!" que eu não pude evitar não continuar a saga.

Qual não foi a minha surpresa ao ver que em A grande caçada pegou toda essa história clássica e sem muito sal e jogou tudo pela janela! Claro, os personagens e suas motivações mais tradicionais ainda estavam lá, era o segundo livro ainda! Só que o livro ficou muito dinâmico e interessantíssimo, a trama melhorou 200% ali e não larguei mais o danado. Se você achou o primeiro livro apenas ok, blz... pegue o segundo imediatamente, vai por mim. O terceiro, O Dragão Renascido, faz um trabalho ainda mais surpreendente em inovar e apresentar novas tramas e expandir o mundo, Jordan se saiu muito bem dando uma aura de mistério ótima a esse volume, escondendo o coringa e explodindo cabeças no final.

Depois do agradável descanso que tivemos com os dois volumes anteriores bem mais curtos que o primeiro, chegam o A ascensão da Sombra e suas quase mil páginas pra nos agraciar. O livro que muitos consideram o melhor da série teve alguns momentos bem chatinhos pra mim, mas, no geral, é um livro que muda tudo e estabelece novos rumos e definitivamente dita o tom dali pra frente; repito, tô longe de terminar a série, mas os acontecimentos do quarto livro são reveladores e importantes de inúmeras maneiras que me deixam empolgado até hoje.

O último volume que li (terminei ontem!) é a cereja do bolo pra mim; meu favoritíssimo até agora. Muito embora ele coloque algumas personagens que adoro em um enredo podre de chato (alô, circo), todo o resto é simplesmente fantástico, épico como nunca. E triste... Tristíssimo. As últimas 160 páginas são extremamente intensas.

Talvez você pense que eu disse muito neste post, sem dizer muita coisa, mas quis mostrar como a série cresce muito e expande de verdade seu enredo. No mês passado, a editora Intrínseca finalmente nos presenteou com a publicação do sexto volume O Senhor do Caos, o maior e, segundo alguns, o melhor de todos os livros. Estou me segurando muito pra não voar direto na jugular desse calhamaço, mas em breve o farei com certeza.

As edições brasileiras são muitíssimo bem cuidadas, especialmente a tradução, tudo soa muito bem e alguns nomes e passagens soam até melhor no nosso idioma. Particularmente acho as capas e todo o cuidado gráfico excelentes, podem até ser capas padronizadas, mas cada detalhe, desde as folhas de rosto com imagens ao efeito metalizado, tudo é muito único. A Intrínseca tá de parabéns nesse quesito. Já em outros... Bem, acho que já deu por hoje este post.

Deem uma chance a WoT, fãs de fantasia, não ficarão decepcionados. A série é a definição de ÉPICO, em termos de enredo, de facções, de magia e de mitologia construída. Não dá pra não dar aquela tremidinha quando os personagens mencionam Tarmon Gai'don, a Última Batalha, evento que só ocorrerá no final da história, mas que já me deixa bastante ansioso.

Em breve farei mais posts sobre a série e seu universo: paralelos com ASOIAF, resenha de O Senhor do Caos e o que acho sobre como Jordan aborda as personagens femininas...

Deixai que o Dragão cavalgue nos ventos do tempo.


Comentários

  1. por ler MUITA fantasia, o tamanho da série nunca foi um empecilho, mas seu preço. depois que ganhei o primeiro livro de um amigo meu, eu comecei a ler e fiquei fascinado, cara. apesar do primeiro livro me soar mais como um tributo à LoTR, o mundo já se mostra gigante, com uma mitologia fantástica e personagens carismáticos
    AMEI o post! <3

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    1. valeu msm <3 o grande mérito de WoT é referenciar Tolkien, mas seguir em frente!

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